DOMINGO, 18 DE ABRIL DE 2010
A recente crise financeira fez levantar em muitos círculos a questão do capitalismo. Questiona-se se o capitalismo é o melhor sistema, ou se não haverá outro melhor. Ou ainda como reinventar o capitalismo, o que mais não seria do que um bom título para um livro de terceira categoria.
Há que compreender que o capitalismo não se discute. Ele faz parte da natureza como uma combinação natural das relações entre seres humanos e entre estes e a natureza.
De certa forma pode-se comparar o capitalismo com a natureza. Esta não deve ser discutida nos seus fundamentos, antes deve ser compreendida de modo a minimizar os efeitos negativos no ser humano das suas eternas “irritações” (como terramotos, tsunamis, cheias, vulcões, etc). Da mesma forma também o capitalismo deverá ser melhor compreendido. É estéril discutir a sua validade, mas muito útil a sua compreensão. Assim lidamos convenientemente com os seus eternos excessos (crises financeiras, económicas, orçamentais, exploração desmedida dos recursos, etc.).
Há somente que distinguir um ponto entre a natureza e o capitalismo. As “irritações” da natureza são resultante da interacção de elementos providos de forças complexas e nem sempre de imediata compreensão, que se manifestam com maior ou menor intensidade e que não obedecem a qualquer regra moral. O capitalismo resulta da interacção livre entre homens e entre estes e a natureza. Com uma componente dotada de moralidade e imoralidade, virtudes e vícios, e com capacidade de transformar alguns elementos da natureza, o capitalismo só pode ser um sistema que de tempos a tempos tenha alguns colapsos. Nada mais do que isso.
No meio do turbilhão e adversidade económica há pouca margem para a observação e muita margem para o desabafo. Nestas circunstâncias a melhor assistência é fornecida por homens frios e até desnudados de alguma sensibilidade. Esta estirpe de homens consegue observar o que os homens calorosos e mais sensíveis simplesmente vêem (a inconsciência cega). Neste momento nem uns nem outros nos comandam. Antes, temos um rol de interesseiros atulhados em complexas e perversas redes de tráfico de influências, onde umas transferências bancárias obscuras tratam sempre de resolver os naturais atritos da rede. Pobre do País que não se desenvencilha destes parasitas ou que se os chuta para fora segue a via da inconsciência.
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