SEXTA-FEIRA, 20 DE AGOSTO DE 2010
Desde 2005 acentuou-se o surto de emigração de Portugueses com qualificações para o estrangeiro. O desemprego existente, os baixos salários para um mesmo nível de produtividade, e as novas oportunidades no exterior possibilitadas pela globalização explicam este fenómeno.
O novo emigrante diferencia-se do emigrante clássico pelo facto de ser mais flexível nas suas opções geográficas, por não criar tantas raízes nos países por onde vai passando, por viajar para Portugal com mais frequência (maiores rendimentos associados com o menor custo dos voos explicam o fenómeno), e por secretamente achar que no futuro pode intervir diferenciadamente no seu País. Ou seja, os laços com Portugal vão-se mantendo a um nível tal que as hipóteses de ruptura tendem a ser mais baixas quando comparadas com o emigrante tradicional.
O novo emigrante deve ser aproveitado estrategicamente. Deve ser visto como elemento publicitário de como o Português qualificado dá excelentes cartas quando enquadrado em ambiente multicultural pois a sua produtividade é, tendencialmente, superior à média, pois combina bem a estrutura ganha na educação formal com o improviso lusitano. Deve ser visto como elemento gerador de remessas tão necessárias a Portugal, como publicitário de turismo de qualidade, como elemento que sabe navegar em rede tendo em conta que esta forma de navegação é crucial para o estabelecimento de novos contractos e disseminação de conhecimento. Deve ser visto como elemento que adquiriu vasta experiência e que ao retornar a Portugal pode elevar o nível geral do povo Português.
Esta visão profunda, embora admita discutível na sua completa veracidade, entra em conflito com a visão corrente, derrotista e alarmante, quando se lêem os números dos cérebros que “fogem”. Entendo o novo emigrante como uma rara oportunidade histórica que o devir se encarregou de nos impor. Aproveitemo-los estrategicamente. Não vale a pena tentar estancar o fenómeno, até porque isso nunca funcionou muito bem, e também porque nos dias de hoje é quase impossível contrariá-lo. Valerá a pena até incentivá-lo de modo a estimular que cada vez mais as novas gerações sintam que vale a pena estudar.
No novo mundo que agora se vive e viverá , o da Globalização, Portugal irá valer pela qualidade dos seus constituintes, estejam eles aqui ou lá fora. Cedo, ou tarde, muitos dos que partem agora irão regressar. O segredo está na manutenção viva na nossa cabeça de que a alternativa é sermos um povo estudioso e conhecedor, tenha isso a melhor recompensa cá dentro ou lá fora. Compreendamos que, se hoje é mais compensador lá fora, no futuro, e da forma como a realidade anda a ser feita, tendencialmente passará também a ser compensador cá dentro. A Globalização, entre outras coisas, é de contágio galopante.
Portugueses, o futuro está no estudo.
P.S. Nota, que não se conclua com esta visão que o segredo está em novos aeroportos XPTO de modo a facilitar este processo. Isso somente alimenta a vacuidade dos que pensam ser modernos sem o ser.
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