quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Portugal, acorda (4)

Domingo, 1 de Novembro de 2009


Portugal, mas que delírio é esse do TGV? Apresentaste tu um argumento arrebatador que nos faça entender o porquê desta veleidade? Portugal, ouve bem, este tema é mais simples de analisar do que a mensagem que nos tens tentado passar. Pensa no seguinte:

1. Não temos actualmente população suficiente para viabilizar economicamente este investimento (mesmo descontando os fundos europeus). De acordo com estudos do INE, a população portuguesa será à volta de 7.500.0000 de habitantes em 2050 (actualmente somos 10.650.000) a manterem-se as actuais taxas de fecundidade. Os parcos orçamentos da população em 2040 e 2050 vão servir para sobreviver e para pagar, quando possível, a assistência de terceiros (lembro que seremos uma população muito mais envelhecida). Não sobrará nada para andar de TGV. A mensagem do TGV “é bom para a economia” é argumento para CEO de grande empresa de construção civil.

2. A rota Lisboa – Porto demora 2h45m. Com investimentos marginais aos já efectuados (e foram muitos) pode ir até 2h ou 1h45m. Os peritos dizem que de TGV a distância deve-se percorrer em 1h15m ou 1h30m. Ora, não é por 45m ou 30m que se justifica uma nova linha dedicada. Isto sem contar que acabaríamos com um TGV a parar em todas as estações, o que daria somente um ganho de 30m ou 15m.

3. A rota Lisboa – Madrid será um suicídio económico. Pura e simplesmente não há tráfego (outra vez, não esquecer que seremos menos), e o que há pode ser bem servido de avião a um preço mais acessível.

4. Europeu que se preze não vai à extremidade da Europa de TGV. Vai, obviamente, de avião. Os nórdicos assim pensam a avaliar por decisões recentes. A lógica de ligação à rede europeia é um mito.

5. Portugal, mas se queres à força um TGV (embora te aconselhe já a familiarizar com a sigla LVE – linha de velocidade elevada), então pensa na seguinte opção e avalia bem o seu fundamento. Liga o Porto a Vigo. Tens a teu cargo 90 km até à fronteira (potencialmente caros porque aquilo não é nada plano), e com isso ligas a zona mais populosa do país, o eixo Grande Porto / Guimarães / Braga, à Galiza. E se inteligentemente brindares o aeroporto Sá Carneiro com uma paragem, então é o pleno. Fazes uma estação no Porto, outra no aeroporto, outra em Guimarães ou Braga, e depois é lá com os espanhóis. O que ganhas estrategicamente? Ganhas que o Porto passa a ser o principal pólo de atracção do Noroeste da Península, e consequentemente ficas com um País mais equilibrado e menos dependente de Lisboa. Ganhas uns milhões de passageiros / ano para o aeroporto Sá Carneiro, e potencias o Porto de Leixões. Portugal, percebes o que é um argumento?

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