Domingo, 1 de Novembro de 2009
Portugal, o que é essa história do NAL? Explica com um argumento tremendo porque queres um novo aeroporto para Lisboa. A Portela vai esgotar a capacidade? Pois eu digo-te que não, mesmo sem ser um especialista, coisa que, aliás, tu também já deste prova de não ser.
1. A Portela entra em dificuldades de tráfego em Agosto? Sim, parece que sim. Mas para isso há bom remédio. Caso necessário desvie-se algum tráfego nos picos de movimento para outros locais, como por exemplo, Montijo e talvez Tires.
2. Portugal, em 2008 o tráfego da Portela foi de 13,6 milhões e a queda em 2009 até ao momento é de cerca de 5% relativamente a 2008. Portugal, explica porque é que a capacidade da Portela é de cerca de 18 a 22 milhões de passageiros / ano. Explica também como se pode jogar com a solução Portela + 1 face à sazonalidade do tráfego.
3. Portugal, recordo de novo que a população residente vai diminuir e vai ter menos dinheiro disponível para viajar. Quando se constroem aeroportos é coisa para décadas. Os 7,5 milhões de residentes previstos em Portugal para 2050 são por isso um poderosíssimo argumento. Argumento tanto mais relevante porque, segundo dados da ANA, 52% dos passageiros da Portela são portugueses (dados de 2005). Curioso também, e ainda segundo a ANA, é o facto de 68% dos passageiros terem entre 20 e 39 anos, o que sugere que lá para 2025 se comece a perder naturalmente muitos passageiros.
4. Dado ser certo não ser necessário um novo aeroporto nos próximo 20 anos, porquê dar um tiro no pé no turismo de Lisboa? Será que o turismo fez algum mal ao País? Ou não será talvez a nossa bóia para os próximos 40 anos.
5. Portugal, o sonho da TAP em ter um grande aeroporto que lhe sirva de hub para a América do Sul é isso mesmo, um sonho. Quem se deve predispor a fazer esse investimento é a TAP (coisa que seria, aliás, absurda), não o contribuinte. Como já alguém disse, a TAP tem sido historicamente um brinquedo muito caro para País.
Portugal, este assunto deve ser analisado da seguinte forma. Por ser possível lidar com a questão dos picos de movimento na Portela, por estarmos longe do seu esgotamento, por haver uma crise que está para durar e que impede aumentos de tráfego no curto e médio prazo, e por termos no futuro cada vez menos habitantes e com menos rendimento disponível para viagens, digo-te Portugal que esta questão não é para ser discutida agora. Pode bem ser adiada. Aliás, deve sê-lo. Por dois motivos: a) Há outros temas bem mais importantes para serem tratados no momento, e b) Que o escasso crédito (vai-o ser doravante, é só andar atento e ler quem percebe do assunto) corra em direcção às empresas e ao preço mais baixo possível. Se o mesmo é direccionado para TGVs e NALs o pouco crédito que sobra sairá caro às empresas pois teremos um cenário de sete cães a um osso, literalmente.
Portugal, e se ainda tens dúvidas, vê bem quem defende o NAL e quem é contra. Quando a favor do NAL vês o sector da construção civil (quem constrói), da banca (quem financia a risco 0 pois o estado tratará de avalizar), e da consultoria (quem ganha com os estudos e coloca o selo da distinção), e contra o NAL vês a maioria da sociedade civil, então Portugal, tens a análise e tomada de decisão facilitada.
Mais uma vez Portugal. Sê simples e sintético. Isto não é tão complexo quanto andas a pensar.
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