QUINTA-FEIRA, 28 DE JANEIRO DE 2010
Portugal, entre outras soluções para ti que se seguirão nos próximos tempos, irei começar pela mais antipática e dura de todas. Não quero, aliás, que penses que venho com pezinhos de lã e com discurso malicioso. Os problemas atacam-se com frontalidade e com maioridade, que é como quem diz, sem criancices e birras de menino mimado.
Por questões de calendarização peço-te que não avalies individualmente cada solução individualmente. As mesmas deverão ser vistas como um todo, e por conseguinte, a avaliação deverá ser feita no final quando for exequível ver o pacote total. Mas podes ir esperneando desde já porque esta primeira solução, embora nem seja a mais importante, já merecerá certamente o teu espanto e o teu horror.
Cá vai. Portugal, como te disse e já te apercebeste, consomes mais do que produzes. Isso tem que acabar. Solução: aumento do IVA para 25%. Com isto penso que se dá um passo importante para diminuir bastante o teu deficit. Eu sei que o teu problema é de despesa e não de receita, e que o lógico seria reduzir a massa salarial dos funcionários públicos aí uns 5 ou 10%. Mas como isso não é possível, então vai por onde é possível.
Como nesta fase até já haverá alguma rigidez no consumo, é de esperar que não ocorra muita turbulência no volume de actividade económica, pelo que é de esperar subida acentuada de receita. No entanto sempre se vai refreando os teus ímpetos consumistas que te atacaram desde 1986. Temos antes de dar freio a ímpetos de exportação e de redução de despesa pública. Esse é o caminho dos virtuosos. Inconcebível um País gastar por ano mais 10% do que aquilo que produz.
Portugal, uma lembrança. As exportações não estão sujeitas ao teu IVA, antes ao IVA dos países para onde exportas. Por isso as tuas actividades exportadoras não são afectadas. Claro que temos a excepção do Turismo, essa coisa muito importante para ti. Mas não creio que isso te vá afectar muito. O berrario que pode vir deste lado deverá ser considerado uma reacção corporativa… para variar. Já sabes, refilanço e berrario deve ser considerado um clássico indígena. Carregarás essa sonoridade pouco ecológica e edificante eternamente.
Portugal, mas mais do que a questão de compor o teu deficit, esta medida visa também fazer-te aterrar ao planeta Terra e iniciares um processo simbiótico entre ti e o que tu vales neste exacto momento, e a época histórica em que vives (com tudo o que as circunstâncias obrigam). Sim, a tal Globalização, essa coisa que é má quando temos que produzir e boa quando queremos consumir. Desta forma acordas de vez e perfilas-te em conformidade com as exigências que tens que te impor para te bateres neste jogo de competição económica mundial.
Portugal, e se quiseres baixar de novo o IVA então podes reflectir se não será melhor reduzires a massa salarial dos teus funcionários públicos. Com esta medida de subida da taxa normal de IVA, dura, sem dúvida, os trabalhadores privados talvez acordem o suficiente para encostar os trabalhadores do sector público à parede e exigir deles um nível de produtividade bem superior ao que hoje é fornecido. Não é com falas mansas e com diálogo guterrista que lá se vai.
Nota 1: os bens que são taxados com IVA a 5% e 12% não deverão ser mexidos de modo a evitar-se tocar nos bens essenciais.
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