SÁBADO, 17 DE JULHO DE 2010
Começam a aparecer os primeiros sinais de que esta crise é de facto muito diferente de todas as outras. A população finalmente percepciona que existe uma vaga de fundo de factores que fazem com que esta crise dure muito mais tempo. Elevado endividamento (estado, particulares, empresas, municípios, etc), baixa taxa de fecundidade, baixo nível de escolaridade, demasiadas pessoas a viverem à conta de outras durante demasiado tempo, contínuo não funcionamento da justiça, e o reiterado abandono dos valores da família. A consequência de todas estas ocorrências durante um largo periodo de tempo estão agora a começar a rebentar à nossa frente.
Como já aqui disse, temos, pelo menos, mais 15 anos de crise se não forem tomadas medidas insólitas (já apresentadas em algumas "soluções"). E mesmo que essas medidas insólitas sejam implementadas não há garantia de que o nosso nível de vida cresça. Por isso penso que a subida do nível de vida residirá na reafectação dos escassos recursos e na forma como nos organizamos. Abandonar as patéticas ideias de TGVs, NAL, e outras veleidades do estilo, e concentrar-mo-nos em melhorar as redes de transporte público e criação de zonas verdes e aprazíveis nas desorganizadas cidades (e nunca esquecer a questão da difusão da adopção da bicicleta).
Este tipo de visão parece ser de curto alcance e pouco ambiciosa. Até agora a cultura do carro e todo o novo riquismo vigente marcava o standard, e todos aqueles que a isso renegavam eram desconsiderados e vistos como conservadores (e obviamente não eram "modernos", essa relíquia destes últimos cómicos 20 anos).
Mas por o novo riquismo ter entrado em decadência neste Portugal, estou certo que passaremos a ver opções que outrora eram absurdas como as mais razoáveis de serem tomadas. As mudanças em curso serão de tal ordem de grandeza que ainda veremos muitos passarem a defender que afinal a família tradicional é a célula básica de uma sociedade.
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