quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Já faltou mais

SEGUNDA-FEIRA, 22 DE NOVEMBRO DE 2010

Aquando da crise grega Portugal julgava-se fora do radar dos mercados. Agora que a coisa chegou à Irlanda, Portugal já se inquieta pois os mercados já o elegeram como o próximo da fila. Claro que as muitas crianças com voz no nosso Portugal bradam contra os mercados. Pena que o não tenham feito quando os mercados eram generosos no passado e nos emprestavam dinheiro a rodos a preço Alemão. Agora que os mercados resolveram distinguir a qualidade dos devedores os justiceiros de rua andam muito zangados com o "mercado". Claro que este exercício persecutório é completamente estéril e inútil. Pior ainda, passa a mensagem de que há ainda muita força política que ainda não percebe a nossa fotografia... quanto mais o filme, o que em si só complica mais o afastamento da falta de discernimento que tão má companhia nos tem feito.

Os mercados neste momento só provam que os devedores têm que ser pessoas responsáveis e não um conjunto de batráquios irresponsáveis. Isto é nomeadamente verdade quando se está a tratar de países. Um cidadão se se tornar um irresponsável financeiro pouca mossa fará a um descendente seu se este já for neto ou bisneto. Agora com um país as coisas já não são bem assim. Os países não vão à falência. Por isso as gerações vindouras são sempre "gentilmente" convidadas a honrar os disparates dos irresponsáveis. É neste ponto em que as coisas estão em Portugal no ano da graça de 2010. Todos nós seremos uns autênticos irresponsáveis se continuarmos a acumular dívida pública em cima da já existente. Os eufóricos que perseguem, em vão, 3% de défice sobre uns 100% de dívida acumulada do que produzimos num ano aí estão para provar que existem de facto irresponsáveis ao leme do Portugal.

Não, não há manifestações dos que "gentilmente" vão ser convocados a limpar a porcaria que estes irresponsáveis andam a fazer. A natureza não o permite. A maioria deles ainda não foram sequer concepcionados. E dos que vão sendo, cerca de 20% são liminarmente liquidados poucas semanas após o terem sido. Mas tenho um feeling que se todos eles pudessem já ter consciência e liberdade de opção fariam duas coisas, a saber:

1. 20% (os liquidados) fugiam a sete pés dos carrascos

2. 100% (todos eles) convocavam uma mega manifestação neste País de modo a que nos próximos 20 anos só ocorressem excedentes nas contas públicas

Nesta fase já se denota alguma preocupação sobre a taxa de fecundidade em Portugal e de como isso pode votar as próximas gerações (próximos 50 ou 60 anos) a uma descida contínua do nível de vida económico médio. Tudo devido ao não crescimento da produtividade, ou seja, o produto irá declinar na mesma percentagem que o decréscimo populacional.

Quanto aos 20% de liquidados parece que a sociedade ainda não percebeu que isso, para além de um crime hediondo, é uma burrice económica e financeira difícil de quantificar. Seja como for, penso que daqui a uns 7 a 10 anos se vai olhar para este assunto sobre uma perspectiva financeira e com isso mudar um pouco o sentimento para com o fenómeno do aborto. Diria que o móbil não é o correcto. Preferiria o móbil ético. Mas se os assuntos financeiros derem uma ajuda positiva para inverter o que se anda a passar, pois venha de lá essa ajuda.

A vulgata que nos governa não entende nada do mal que salta à vista, tão pouco percebe como combater as suas causas. No entanto já percepciona que algo de muito grave se anda a passar. Mas em rigor isso é irrelevante. Relevante é que a população o percepcione, coisa que já vai acontecendo, mas ainda não em dose suficientemente grande que permita uma revolução eleitoral.

Assim, seremos ainda governados por batráquios irresponsáveis por mais uma meia dúzia de anos. Depois, quando a luz começar a chegar, outros serão empossados no poder. Ainda falta muito para lá chegar. Mas não desesperemos. Já faltou mais.

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