quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Resposta ao meu ilustre amigo e colega de blogue Miguel Alvim

QUINTA-FEIRA, 10 DE FEVEREIRO DE 2011

Caro Miguel, irei tentar rebater de forma esquemática os comentários que o meu post mereceu.

Eu direi que hoje as pessoas não são as mesmas do que antigamente, seja há 50 anos, seja há 200 anos, ou 500 anos. E que o mundo é mesmo muito diferente de qualquer uma dessas épocas. Não que sejam as pessoas melhores ou piores, ou o mundo melhor ou pior. Esse nem é tanto o assunto, embora pessoalmente ache que nunca se esteve tão bem no planeta Terra. Agora o Homem é muito diferente. Aliás, o empirismo basta para explicar. Hoje, e maioritariamente no mundo mais desenvolvido, só uma pequena percentagem vive do campo. Será à volta de uns 3%, quando há 50 anos em Portugal seriam uns 30% e há 500 anos uns 90 ou 95%. Daqui já decorre muita diferença. Hoje quase todos são letrados enquanto há 500 anos só uns 2% o eram, com tudo o que isso implica. A esperança de vida há 500 anos rondaria os 30 e poucos anos enquanto hoje ronda os 75 anos (média do homem e mulher). Há 500 anos o mundo teria à volta de 30 a 50 milhões de pessoas. Hoje estaremos na grandeza dos 8 biliões. Nos dias de hoje há muita gente gorda e a pensar a longo prazo, sinal de abastança quando comparamos com os esquálidos habitantes de há 500 anos que só pensavam par o dia seguinte. Antigamente a mulher era cidadã de segunda, hoje já não o é. Detenho-me por aqui porque todos tiram as suas conclusões.

No assunto das remunerações acontece que o mundo globalizou-se de tal forma que a dimensão daquilo que é gerido hoje é muito maior em número e complexidade do que o era há 50 anos atrás. Basta entrar num supermercado hoje e comparar com os supermercados de há 50 anos (que nem os havia por cá). A profissão de gestor (por questões de extrema simplificação colocarei gestor, empresário e líder no mesmo saco sabendo que são todos bem diferentes) tem sido bastante valorizada recentemente devido aos ganhos de eficiência que os mesmos trazem se forem altamente qualificados. Claro que recentemente alguns perderam a noção e auto-remuneraram-se obscenamente. Mas isso é um detalhe que anda a ser afinado aos poucos por esse mundo. Aliás, em Portugal só tivemos um caso desse género. Foi o BCP.

Por uma qualquer razão misteriosa pensa-se que um gestor que ganhe bem, digamos, uns 50000 euros por mês, é um bandido sem escrúpulos, que não ama o país, egoísta, safado, pulha, mau chefe de família, etc. A sangue-frio não olhamos para os benefícios que o mesmo pode trazer pela mão (ou melhor, pela cabeça) das suas competências intelectuais. Quando Paulo Macedo foi escolhido para a dgci foi logo apontado como algo de ímpio devido ao seu elevado vencimento. Penso que seria à volta de 50000 euros por mês. Parece que à posteriori todos ficaram muito contentes com ele, inclusivamente a esquerda!!!!!! Como cidadão não me senti defraudado e nem esperei dele qualquer tipo de missionarismo. Simplesmente esperei competência para cumprir com bons resultados. E cumpriu, prestou bom serviço servindo com isso muito bem a comunidade. Consta que pessoa muito dedicada, séria, credível, com bom espírito de equipa, e muito dedicado à missão. Ou seja, não precisou de missionarismo de qualquer espécie.

O que Portugal precisa é de um bando de competentes a governarem o país. Aliás, nos dias de hoje até estou convencido que missionarismo não funciona. Mas não quero entrar tanto por aqui. Podia-se discutir longamente até à exaustão. E essa não é a ideia.

Agora não caio em maniqueismos. Pelo facto de um grupo de pessoas competentes a ganhar 20000 euros por mês não ser “missionarista” não faz dessas pessoas corruptas, falhos na defesa do interesse nacional, preocupados em se governarem a eles próprios, traficarem interesses, dedicados a outros negócios paralelos, desligados da missão, etc. A virtude para a coisa pública não é exclusiva dos missionários.

Acontece que os competentes andam a ser bem remunerados neste mundo e por isso não estão voltados para a governação que paga mal quando comparado com aquilo que ganham. E fogem. Por isso ficam os batráquios (expressão importada do Professor César das Neves) a chafurdarem na lama. Não há muitos competentes com bons ordenados a resolverem ganhar 10 vezes menos para se meterem na lama.

Mas porque os assuntos por vezes merecem algum pragmatismo, direi até que já não há missionários. Ou pelo menos existem muito poucos. Não que me importe que vão para o governo se forem bons para aquilo que forem desempenhar. Se quiserem ganhar somente 5000 euros por mês, então que seja. Agora não aceito que são esses que carregam em exclusivo a Virtude. Se estiver errado, então temos um grande problema de escassez com a agravante de que esses poucos puderem ser barbaramente incompetentes. É bom mesmo que esteja certo.

Nota final: Sobre a maneira de alcançar a felicidade, bom, direi que não cabe muito por aqui. Mas direi que não preciso do Estado nem dos seus representantes para me ensinarem como o fazer.

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