quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Mudanças

SÁBADO, 21 DE MAIO DE 2011

Olhando para as sondagens parece que Portugal está a acordar. Finalmente os Portugueses começam a aperceber-se que algumas forças políticas não trazem nada de novo à nossa sociedade. O CDS, pelo seu discurso do passado e pelo seu discurso do presente (muito pela mão do Sr. Paulo Portas), começa a ser, finalmente, premiado. Já não era sem tempo detectar que começa a haver sensibilidade para a discriminação positiva para quem está disposto a trabalhar mais ou para quem trabalha melhor, que tem que ser levado a cabo um processo de separação do trigo do joio ao nível dos apoios sociais sob pena de colocação em causa do próprio mecanismo de apoio social, algo imprescindível numa sociedade solidária, que a criação de trabalho é feita acima de tudo pelas empresas, que os mecanismos de jobs for the boys e a promiscuidade entre interesses individuais e de grupo são prejudiciais para a economia no seu todo (já sem falar numa questão ética), e que temos que pensar muito seriamente numa terceira alternativa de partido para governar Portugal.

O que falta agora é começar a discutir estratégias para Portugal. Até agora o debate político não tem potenciado a elevação que deve o caracterizar dada a forma como os assuntos são tratados. Discutem-se as dores da sociedade e as aspirinas que a mesma deve ou não tomar. Mas estamos longe de discutir da verdadeira doença de que padecemos, ou seja, que vivemos há demasiado tempo consecutivo muito acima das possibilidades. E muito menos temos ainda vontade para discutir aquelas que vêm a caminho se nada de substancial for feito no curto prazo. O melhor exemplo é a questão demográfica, a grande questão do futuro, muito maior do que a questão da crise soberana que agora vivemos, e que urge ultrapassar.

Portugal não é de agora e nem acaba nos próximos 5 ou 10 anos. Portugal é para sempre e seria uma tragédia nacional não termos uma palavra positiva e proactiva para o seu futuro como nação, não só ao nível interno, como ao nível da intervenção externa. A questão da crise de dívida soberana irá ser ultrapassada. Mas esse é simplesmente um desafio de curto prazo (próximos 10 anos), ainda que de muito difícil resolução. Mas temos hoje também um outro desafio que é transformar a nossa sociedade. De uma sociedade ainda com uma mentalidade muito marcadamente de repartição e muito fechada, para uma sociedade de elevada iniciativa e muito aberta para o mundo. A Globalização é um meio que não deve ser considerado como algo estranho. Pelo contrário, deve ser considerado o nosso meio natural.

Parece muito verosímil que o CDS tenha um excelente resultado nestas eleições. Isto não é o fim da linha. É somente o princípio de um caminho. E o mesmo tem que ser iniciado da melhor maneira. Partindo do pressuposto que o CDS fará parte do futuro governo, o melhor exemplo que o CDS poderá dar é, para além de fazer valer os seus valores, combater sem qualquer trégua a questão da sobreposição dos interesses individuais e de grupo sobre o interesse colectivo. Seria muito positivo para Portugal dotarmo-nos de uma função pública independente do poder dos partidos onde as nomeações não ocorressem ao sabor dos resultados eleitorais. Sem dúvida um grande desafio. Mas não é em vão que quem governa deve estar apetrechado de coragem. E se for ainda audaz poderá ainda considerar integrar quadros de nacionalidade estrangeira. Sem dúvida insólito. Mas que não se duvide que as soluções para Portugal no futuro serão maioritariamente bastante insólitas, ou não estivesse este mundo em rápida mudança.

Criemos o nosso futuro hoje. Com coragem, e audácia.

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