quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Produtividade governativa

SÁBADO, 7 DE MAIO DE 2011

Fala-se por vezes de produtividade e que é preciso aumentar a mesma. Muitas vezes pela voz de membros do Governo, nomeadamente os mais destacados. Ora se há coisa que resulta deste memorando da troika, e da sequência prática que se lhe vai seguir, é que num mês “compactou-se” num documento uma série de tarefas a levar a cabo que podiam perfeitamente já ter sido implementadas há muito tempo. Sobre a maior parte delas estavam quase todos os quadrantes políticos de acordo. Que não se duvide da sua utilidade.

Ora se num mês uns estrangeiros vieram pôr ordem na nossa casa, então será legítimo questionarmo-nos sobre a questão da produtividade nacional ao nível governativo e político. Sabemos que do lado de cima se questiona muito sobre a baixa produtividade dos Portugueses do lado de baixo. Mas estou em querer que está na hora dos Portugueses do lado de baixo questionarem muito seriamente a produtividade do Portugueses do lado de cima.

Em tempos avancei como uma das soluções para Portugal a contratação de estrangeiros para os cargos mais altos da Função Pública como forma de dotar a mesma de maior qualidade executiva e de injectar um tipo de cultura de exigência, disciplina, e distanciamento relativamente aos interesses instalados que permitisse um desempenho muito melhor dos serviços públicos. A história aos poucos irá dar força a esta ideia, insólita, sem dúvida, mas que deve merecer reflexão atenta. Se em paralelo acabarmos em definitivo com o cargo de confiança político, que mais não é do que o sonho feito realidade de qualquer boy, então teríamos um excelente motivo para crer que a produtividade do lado de baixo iria definitivamente subir… mas à conta de uma subida de produtividade do lado de cima. E cereja em cima do bolo, veríamos a despesa pública descer e uma moralização da vida pública.

Admito que os Portugueses do lado de cima achariam pouca graça a esta ideia, mas estou em crer que os do lado de baixo lhe poderiam achar alguma graça.

No que toca a esta questão eu pertenço ao clube dos do lado de baixo. Em nada me identifico com os políticos (a maioria deles, pois acredito existirem excepções). Quanto a discursos do tipo “isso é contra a independência de Portugal”, “estamos todos no mesmo barco” e “temos de dar as mãos”, etc, cuidado, isso mais não é do que um truque para perpetuar o status quo. Nessa não caio. Temos que partir a espinha aos malandros e destruir a lógica partidária do poder pelo poder e da lógica da supremacia do interesse individual e de grupo sobre o interesse geral.

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