quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Para quando um bom Governo para Portugal

QUARTA-FEIRA, 3 DE NOVEMBRO DE 2010

Esta é a pergunta escondida que os Portugueses começam a desembrulhar. Consequência de demasiados maus governos (desde 1985) os Portugueses começam agora a conviver com os efeitos nefastos de tanta má governação. As premissas sobre as quais soberbamente nos sentámos estão a dar de si e vão mesmo rebentar.

Não, não é por falta de confiança. Pelo contrário, foi por excesso da mesma sem fundamentos palpáveis, qual reformado que opina desenfreadamente com os expontâneos de ocasião numa qualquer obra em curso na cidade.

Não, não foi por azar. Foi por azelhice e falta de preparação, qual estudante cábula que não tira boa nota e culpa o professor.

Não, não foi pela conjuntura. Estas existem para nos catapultarem se soubermos navegar na tormenta. Há quem lhe chame “capacidade estratégia”. Perguntem aos Alemães sobre o tema.

Foi antes pela arrogância de colocarmos a carroça à frente dos bois, de pretendermos ter à borla o nível de vida nórdico sem para isso ter que trabalhar em conformidade (leia-se, entre outras coisas, elevada produtividade).

Foi por termos tido políticos incompetentes e corruptos. E já agora por termos, como povo, escolhido constantemente mal.

Foi por termos escoado todas as nossas energias como povo para o consumo (grandes superfícies) e os serviços que os potenciam (bancos) ao invés de nos atirarmos de cabeça para tudo o que envolva exportação.

Foi por pensarmos que o dinheiro resolveria as nossas deficiências organizativas. Não, as organizações transformam-se com ideias e com afoiteza. O dinheiro só perturba e solidifica o mal que se quer combater.

Foi por pensarmos mais no ter do que no ser e termos embarcado em modas de ocasião.

Foi por parolice ao embarcar em ditames de uma modernidade que mais não é que uma manifestação torpe de espíritos mal construídos.

O resultado ainda não está bem à vista e só agora se começa a vislumbrar os contornos do mesmo. Uma minoria tem bem noção do que aí vem mas ainda não é ouvida. Alguns visualizam-no mas ainda tem dificuldade em graduar a intensidade do choque e como ele vai ocorrer. Muitos não o visualizam mas já perceberam que os coices vão ser cada vez mais fortes. Todos já perceberam que algo na base e na estrutura tem deficiências brutais.

A turbulência que aí vem vai gerar mudanças na nossa sociedade, já visíveis, mas ainda difíceis de engolir. A mudança, por norma, é operada no dia-a-dia pela miríade de decisões pessoais dos constituintes da sociedade. No entanto, e embora sejam movimentos fortíssimos, tratam-se em rigor de adaptações às circunstâncias. Quem pode operar alguma mudança é o Estado, não no sentido de entidade todo-poderosa, mas no sentido de facilitador das tendências irreversíveis. E é neste ponto que sentimos que precisamos de um bom governo. Um governo que seja um facilitador das mudanças irreversíveis.

Este Governo ainda vem longe. Mas virá. Os “alguns” e os “muitos” irão precisar ainda de muitos coices para acordar. E nesse momento um cataclismo eleitoral ocorrerá. Até já sabemos o partido que ganhará embora nada saibamos sobre a equipa a escalonar. E até já sabemos em que molde terá que ser construída e que características deverá possuir. Só espero que encontremos os elementos que a vão constituir. Eles já existem, mas ainda não se conhecem. Estejamos confiantes, está para breve.

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