quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Só para quem tem bagagem

QUINTA-FEIRA, 3 DE MARÇO DE 2011

Claro que vêm aí mais impostos. Como já aqui foi dito, Portugal perdeu a independência porque acumulou uma dívida brutal e porque não consegue ter a coragem de tomar as medidas necessárias por vontade própria. E enquanto não tiver a coragem de estancar o défice e de começar a pagar a dívida através de excedentes (ao invés de défices), iremos assistir a estes tristes episódios que são as idas a Berlim e Bruxelas.

Que fique claro que o aumento de impostos é necessário nas actuais circunstâncias. O problema é que com estas imposições Europeias não conseguimos montar uma estratégia fiscal. Não que a culpa seja da Sra. Merkel. Tomara a senhora não ter que receber um Sócrates. O culpado é José Sócrates que não percebe nada de estratégia nem tão pouco tem arcaboiço. Ser que se limitou a apurar os sentidos para efeitos práticos de subida ao poder, é totalmente inapto para ler o que se passa e muito menos para montar uma estratégia fiscal, que para além dos seus efeitos práticos carregaria em si sinais que são importantes passar ao Portugueses.

Já aqui foi dito que temos um claríssimo excesso de consumo face ao que produzimos. Taxar o consumo por contrapartida de redução dos impostos sobre o rendimento é a solução. Precisamos desesperadamente de mais trabalho. No curto prazo isso só pode ser feito com agressividade fiscal ao nível dos impostos sobre o rendimento de modo a potenciar as exportações. Em paralelo há que reduzir por todos os meios possíveis os factores de produção, entre os quais destaco os produtos petrolíferos por via da redução dos impostos sobre os produtos petrolíferos. Por contrapartida que se aumente bastante (muito mesmo) o imposto automóvel e o imposto de circulação.

Só isto passaria sinais claros aos Portugueses de que se premeia o trabalho ao invés do consumo, bem como a poupança (sim, IRS mais baixo e IVA mais alto convida mais à poupança). Poupança crescente torna-nos menos dependentes de financiamento exterior que agora nos é taxado principescamente por quem, de pleno direito, acha que somos um devedor de risco.

Decorrente dos dois parágrafos anteriores os juros cobrados a Portugal e aos nossos bancos desceria, pelo que os juros cobrados às empresas desceria também, aliviando-as.

Isto não é complicado, mas exige um tipo de fibra para o qual um Sócrates (e diga-se, todos os outros) não foram formatados. É cair no domínio das verdadeiras opções, e essas são para quem tem bagagem.

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