quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Modéstia e perseverança

DOMINGO, 28 DE NOVEMBRO DE 2010

O meu ilustre e querido amigo Miguel Alvim fala em “desígnio espiritual” como algo que Portugal e os Portugueses necessitam. Não posso estar mais de acordo. Portugal e os Portugueses têm que se encontrar consigo mesmo. Perdoem-me o pleonasmo mas isto merece bastante ênfase. Nestes últimos anos da nossa história perdemo-nos todos na ânsia do ter e do possuir, no ornamento pífio, na lógica do BMW, numa escalada obscena de ostentação parola e de novo rico, na perdição por agendas obscenas que esterilizam uma sociedade, na gabarolice de irmos ser Nórdicos ao virar da esquina sem tomar os passos e as medidas em conformidade. Perdemo-nos em acreditar que a visão socializante e de compadrio misturada com o jeitinho e boa vontade de Bruxelas nos abriria portas às delícias deste mundo. Perdemo-nos em apostar nos arrogantes com promessa debaixo da manga, em políticos de meia-tigela e sem um pingo de amor por Portugal. Sim, sem um pingo de sentimento pela bandeira. Nunca vi um político neste País cantar o hino com alegria ou emoção. Perdemo-nos a vilipendiar a Igreja despudoradamente e gratuitamente. Pessoas de bem ainda que não crentes, e há-as aos pontapés por aí, respeitam a Igreja e o seu significado histórico no nosso Portugal. Perdemo-nos em ouvir os medíocres e em desdenhar o sapiente seguindo o critério da fotogenia e da moda. Perdemo-nos em desdenhar o empreendedor e em aplaudir o espertalhão. Perdemo-nos em querer eternamente ser mais espertos do que o próximo e em tramá-lo em vez de inquirir porque é que o próximo está a executar e pensar bem e daí tirar as devidas ilações. Perdemo-nos na ilusão de julgarmo-nos bestiais por termos imigrantes diplomados a servirem-nos ao invés de nos questionarmos se não haveria algo de errado no facto. Perdemo-nos na obtusidade de olharmos (ainda) arrogantemente o Chinês, O Indiano, o Brasileiro, etc, com inferioridade (ainda, mas já menos), em vez de o considerarmos como um justo ser humano que mais não quer do que sentar à mesa com os outros. Ainda por cima sendo os credores deste mundo.

Portugal o que viveis agora e o que viverás nos próximos anos é o resultado do acumular de tantos e tantos erros. Ireis pagar por isso, não só em trabalhos que os teus constituintes não queriam efectuar anteriormente, como também em dinheiro, pois que as dívidas são coisas para serem honradas. Sim, honra, essa coisa que escondestes a troco de uma opulência efémera mas que te perseguirá até ao momento em que tu ou os teus descendentes a resolverem honrar.

Por isso é bom que te cubras bem de espírito de forma a te curares da perdição em que te enfiaste. E se fores minimamente pragmático verás até que isso vai bem com a modéstia e perseverança que tanta falta te vão fazer.

Sim, tens futuro, mas agarra-o senão ele foge

Nenhum comentário:

Postar um comentário